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Thursday, March 31, 2011

Como fomos enfeitiçados pelo mar.



Parece que foi ontem, mas foi em 1974.Um ano de muitas mudanças em nossas vidas.É bem verdade que foi de muito trabalho na escola de inglês que dirigíamos, mas foi também o nascimento de David, nosso segundo filho.

Em dezembro,deixamos Pierre,(6 anos) e David (9 meses)com os avós Elly e Eddie enquanto Vilfredo e eu fomos passar a semana de férias de Natal, nas Ilhas Virgens, no Caribe. Fizemos todos os programas típicos dos turistas: praia, mergulhos, passeios pelas ruelas com casario histórico. No terceiro dia, caminhávamos de mãos dadas pela orla, quando vimos passar um veleiro,com pessoas rindo, felizes. Nunca tínhamos velejado antes mas, naquele mar azul-turquesa e de águas transparentes, aquele veleiro era um convite para a aventura.

- “Vamos dar uma volta de barco?”, perguntou Vilfredo. Meus olhos brilharam. Desde pequena tenho um sonho de saber o que existe atrás dos horizontes... Nascida e criada em Ipanema, o mar fazia parte do meu dia–a-dia. Meu passatempo favorito era ir até a ponta do Arpoador, em Ipanema, e, sentada nas pedras, ficava olhando os navios e barcos e imaginando para onde será que vão e de onde vem. Que vontade tinha de descobrir o que havia alem da linha do horizonte...
- “Então vamos!”, confirmou Vilfredo. E fomos fazer reserva para o dia seguinte.

Entramos no veleiro sem nenhum preparo prévio. Não estou me referindo às instruções de segurança à bordo. O que quero dizer é que ninguém nos avisou que velejar pela primeira vez pode mudar o destino das pessoas.
Quando você está no alto-mar, o veleiro deslizando na água, o silêncio sendo quebrado somente pelo farfalhar das velas contra o vento, o ruído do mar contra o costado, você não percebe a presença de Netuno, Rei dos Mares, movimentando seu tridente, envolvendo os marinheiros de primeira viagem, desavisados do poder de sua magia. Quando percebe que alguma coisa estranha está acontecendo com você, já é tarde demais. Você foi enfeitiçado pelo mar.