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Wednesday, March 19, 2014

Mulher velejadora?


Desde o Caribe começamos a sonhar em velejar em nosso barco. Os desafios eram enormes: Não sabíamos nada de vela. Precisávamos aprender a velejar, comprar um veleiro e juntar dinheiro. Ou seja, precisávamos de tudo!
Eu administrava nosso curso de inglês e Vilfredo, economista, prestava consultoria empresarial. Tinhamos 25 anos e muita vontade de realizar nosso sonho. Trabalhávamos dobrado, economizávamos cada centavo e, nos fins-de-semana, aulas de vela. Compramos nosso primeiro barco, um veleiro da classe lightning pagando com uma vela importada, assim com o escambo ganhamos o Polvo, um barco Lightining de 6 metros sem motor nem cabine.
Um menino de 14 anos nos ensinou a velejar, e confesso que levei alguns sustos quando o barco adernava, pois temia que o barco virasse e eu caísse no mar. Fui criando coragem e em pouco tempo me sentia como um cisne, que descobre sua verdadeira identidade, e não mais um patinho feio. Venci meus medos e avancei em  ambições marinheiras. Nosso aprendizado foi participando de regatas, no Brasil e no exterior.

Em 1975, podía contar nos dedos de duas mãos quantas mulheres no Brasil velejavam e corriam regatas! Eu sofria um bullying discreto dos velejadores masculinos: Porque não vai cuidar de seus filhos? Porque não deixa seu marido velejar sozinho? Você não tem mais nada para fazer? Vai correr regatas com todos esses homens? Todo mundo fala palavrão! Voce não se importa, né?
E as mulheres me perguntavam: Você não tem medo do mar? Sabe que vai estragar seu cabelo e sua pele? E se você cair no mar? Com quem ficam seus filhos? Você não enjoa?
No Iate Clube Veleiros da Ilha nessa época: mulheres velejadoras adultas somente Izabel (mãe do velejador André Fonseca, o Bochecha), as outras,as jovens Lilian Reitz e a Jackie Vasconcelos de Hobbie Cat.
Meu amor pelo mar e pela vela já havia me tornado uma tripulante indispensável no barco.Confesso que também era metida e queria aprender tudo (continuo a mesma), e me esforçava muito para ser boa nas manobras da vela balão, minha função a bordo.
Mas valeu minha persistência. Hoje 30 anos depois olho com saudades aquele inicio do aprendizado da com a vela com o maior carinho.
Continuo a realizar meus sonhos, agora em família com laços bem apertados pelo amor, pela confiança e o respeito pelos mares...
http://navegacaodestinosc.wordpress.com/tag/icsc/
Veleiro Lightning e tripulantes em 1978

O primeiro da esquerda é o Joaquim Belo, Vilfredo e Heloisa Schürmann do barco Patinho Feio; Dado Berenhauser,  Valério Gomes Soares e Antonio Dondei do barco Goiabada; Valmor Gomes Soares, Oduvaldo Soares e Cesar Murilo Barbi do barco Lixa; Roberto Batistoti, Murilo Belo e Adenor M. de Araújo do barco Senior. 




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